BOA E MÁ VIZINHANÇA
Já aqui falei várias vezes duma senhora que mora no andar de cima e que me tem criado alguns problemas.
Há anos optei por ignorá-la pura e simplesmente.
Na semana passada, ao regressar a casa, o meu filho disse-me que o marido tinha pedido autorização para colocar, por uns dias,umas coisas no nosso quintal.
Claro que a resposta tinha sido sim.
Os meus filhos nasceram nesta casa e a amizade que existia fez com que desde pequeninos lhe chamassem "tio", tratamento esse que se perdeu graças a esta senhora..
A "tia", 1ª. esposa, partiu para o céu há alguns anos e as saudades nem o tempo as atenua.
Mas a finalidade deste pedido é que ia cimentar o quintal e não tinha onde pôr essas coisas.
As obras fizeram-se (depois de também a mim me ser pedida autorização) e a pouco e pouco tudo foi sendo recolocado.
Ficaram dois armários velhos para deitar para o lixo e a promessa de que depois limpariam tudo.
Acontece que o meu quintal também estava a precisar de uma limpeza e uma arrumação.
Esta tarde vim a casa e resolvi começar a fazer a dita limpeza.
Catei ervas e folhas velhas, endireitei as hortenses já cheias de florinhas ainda verdes, e varri e arrumei o que era preciso.
A meio deste trabalho a senhora veio falar comigo porque sabia que eu estava doente e que o marido tinha prometido limpar o que tinham sujo.
De nada valeu dizer-lhe que o que estava a fazer era já preciso há muito tempo.
Realmente houve dias em que o quintal esteve cheio de tralha mas não estava sujo, pelo menos mais do que já estava.
Falámos um pouco sobre os quintais e as obras.
Não ficámos nem mais nem menos amigas, porque realmente não o somos mas o ambiente que ficou no ar é diferente.
E eu, que me custa tanto passar por alguém sem a cumprimentar, sinto-me mais leve.