A CARTA QUE NUNCA LERÁS
Ontem não te abri a porta.
Começo a ficar cansada de não saíres da minha casa, que é o mesmo que não saíres da minha vida.
Há muito que em comum só temos os filhos e os netos.
Detesto que continues a querer controlar a minha vida. Já não tens esse direito. Não to reconheço, não to dou e já não admito que que uses e abuses dele.
Por isso acabou-se.
Tirei da porta a chave que lá esteve durante anos. Assim não podes mais abri-la e entrar quando te apetece, mesmo que eu não esteja em casa.
Era uma falta de respeito? Claro que era, mas eu já me devia ter habituado a elas.
É a segunda vez que chegas e "bates com o nariz na porta". Eu estava em casa. Simplesmente decidi que não quero que voltes a entrar na minha casa com o pretexto de que vens ver se os miúdos cá estão.
Nem com esse nem com qualquer outro.
Quero seguir a minha vida como tu seguiste a tua. Se estás mal, problema teu. Eu estou optima, como estou.
Os filhos, quando lhes contei,disseram que já o devia ter feito há muito.
Foi tarde mas ainda foi a tempo.
Mais tarde ou mais cedo que é como quem diz "tantas vezes hás-de bater com o nariz na porta" , que hás-de compreender.
Poderia dizer-te cara a cara que não te queria aqui, mas isso traria uma bruta discussão que não estou disposta a ter, traria de volta mágoas que estão arrumadas mas não esquecidas e iria complicar o relacionamento com os filhos e eu não quero.
Não sei se estou a ser sensata ou cobarde mas está decidido.
Não voltas a entrar na minha casa sem que os filhos ou os netos cá estejam e também nunca mais te aproveitas da minha estupidez para me voltares a perguntar :- "Não é que eu tenha nada a ver com isso mas quando vais ao Porto em casa de quem é que ficas?"
E eu, burrrrra, estuuuuuuupida, papaguear a minha vida toda.
ACABOU-SE!!!!!