CEDO...TÃO CEDO
Ainda é tão cedo!
Revolvo-me na cama, embrulho-me ainda mais no aconchego da roupa, afofo a almofada e deito de novo a cabeça, tentando voltar a adormecer.
Lembro-me que, quando era criança, me diziam que se ficarmos quietos e calados o sono chega.
Fico quieta e calada mas não consigo fazer o mesmo com o pensamento.
Ele sobe e trepa pelas montanhas do passado, por aquelas mesmas que eu tive que transpor.
E as recordações vêm umas atrás das outras.Quase se atropelam, quase se sobrepoem. Boas, más,alegres, tristes, dolorosas. São como uma cadeia de argolas. Entrelaçam-se umas nas outras.
Mas eu não quero pensar, não quero recordar, quero simplesmente adormecer.
Mentalmente digo ao pensamento para parar mas ele é desobediente. Quanto mais lho digo mais ele se ri de mim e me recorda outras vezes em que tivemos a mesma luta.
Nem sempre ele ganha. Por vezes acabo por adormecer cansada de pensar e recordar.
Hoje venceu ele.