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rodrigando

Aqui falo de mim, dos que amo, dos meus sonhos, das minhas alegrias e tristezas e de tudo o que gosto...ou não.

rodrigando

Aqui falo de mim, dos que amo, dos meus sonhos, das minhas alegrias e tristezas e de tudo o que gosto...ou não.

ONTEM FIZ

rodrigando, 04.05.11

Aquilo que não quero e não volto a fazer. Mas ontem tinha que o fazer.

No meu primeiro dia, ou primeira tarde, de reformada fui para o jardim.

A tarde estava agradável e soalheira e, embora o jardim tenha árvores já cinquentonas, o sol conseguia filtrar-se por entre os ramos.

Provavelmente como consequência do recente temporal de granizo.

A verdade é que momentos antes tinha encontrado uma tia do meu ex-marido, tal como eu recentemente reformada e sentámo-nos a conversar.A conversa foi o pretexto porque o que eu queria mesmo era ver o que se passava à minha volta.

E vi, homens e mulheres envelhecidos, curvados, alguns de bengala, que conversavam das doenças, dos problemas, das magras pensões e até, imaginem do modo como são tratados.

Alguns jogavam às cartas em duas ou três mesas e mais nada.

Recordo-me daquelas pessoas há apenas alguns anos. Conheço muitos deles desde sempre (moro aqui há 47 anos) e fez-me muito má impressão ver como envelheceram em tão pouco tempo. Vi-os a viver a vida de quem não tem nada para fazer, de quem se entretém apenas a matar o tempo e alguns até não são assim tão idosos.

Em tudo isto apenas duas coisas me alegraram. Como o jardim está no Largo da entrada da povoação e é um local de passagem, encontrei ou fui encontrada, por conhecidos e amigos que não via há muito.

A outra foi um senhor idoso, bastante idoso, que se encontrava sentado no mesmo banco e a quem a certa altura uma jovem (bisneta ao que percebi), foi buscar e levou, carinhosamente, de braço dado, enquanto conversavam. Gostei da forma suave como a jovem o conduzia. Via-se amor entre eles e também esse sentimento não é muito habitual da parte de alguns jovens para familiares idosos.

Estava lá há cerca de meia hora quando senti necessidade de ir-me embora.

Parecia-me que, se ficasse ali mais tempo sentada, acabaria agarrada ao banco e ao jardim. E ficaria exactamente como não quero.

A sentir-me não como reformada a descansar de horários e compromissos laborais, com VIDA para viver, coisas para fazer e até para aprender mas como uma mulher velha, curvada, a falar de doenças e de coisas más.

E não é esta vida que quero para mim.

Estou reformada mas estou Viva e é assim que quero continuar.

 

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