OFICIALMENTE...
Estou reformada.
Quando recebi a noticia inicialmente senti-me feliz e liberta.
Há muito que tinha decidido que quando me reformasse faria voluntariado e mantenho a decisão.
Depois, ao ler a carta com a comunicação e os pormenores, senti-me triste e até revoltada.
Fiquei com uma pensão mais baixa do que o que estava calculado e ainda menos do que o ordenado, que já de si era baixo.
Eventualmente será alterado se comprovar que nos dois últimos anos descontei para aposentação e sobrevivência.
Eu sou (era) funcionária numa Escola, então como poderia não descontar? Então porquê o eventualmente?
Como se isso não bastasse numa pensão de 466,00, desconto 3,14 para o Factor de Sustentabilidade para 2011.
O que é isto, afinal?
Eu sou (era) funcionária pública! É esta a minha reforma choruda?
Estive 12 anos desempregada. Toda a vida tinha estado atrás duma secretária mas quando surgiu uma oportunidade aproveitei-a.
Passei a ser "contina" numa Escola.
Se alguém estranhava eu respondia como sempre pensei - Não há profissões indignas, há pessoas indignas em todas as profissões.
Durante 15 anos exerci esta profissão com a mesma dedicação e profissionalismo que sempre tive.
Orgulho-me da relação que tive e tenho com alunos, colegas e professores: Respeito e camaradagem. Já tenho saudades.
Chegar ao fim da vida profissional e ficar com esta pensão faz-me pensar.
Não tenho dívidas nem grandes encargos.
Tenho filhos que em caso de necessidade me apoiarão, mesmo tendo filhos pequenos e os encargos de casais jovens.
Sei que há pessoas com reformas muito inferiores à minha e sem qualquer apoio. Como sobrevivem?
E, embora um pouco triste e revoltada, sinto que não sou dos mais desafortunados.
Estou reformada e livre. Vou fazer o que quiser e puder... mesmo que com pouco dinheiro.