PERIPÉCIAS de uma viagem
Para sorrir ou pensar.
Ontem precisei de ir ao hospital levantar os medicamentos para o meu tratamento.
Como estou em casa da minha filha basta-me apanhar o Metro e gastar cerca de 40 minutos de viagem para cada lado.
À ida
1ª- Assim que o comboio arrancou as pessoas que estavam a sentar-se (eu inclusivé) batem com a nuca nuns ferros que "ornamentam" a parte de cima dos bancos.
Bom inicio,pensei, isto promete!
2ª- Como passava pouco das 14 horas a carruagem levava 22 passageiros.
Só 9 não mastigavam pastilha elástica!
3ª- A certa altura entrou uma senhora de cerca de 6o anos, vestida normalmente, sem ar de pedinte mas que estava mesmo a pedir.
Notei o ar envergonhado com que se dirigia às pessoas.
Poucas partilharam e apenas vi moedas de cobre (cêntimos). Pelos vistos a crise chegou a todos. Dei comigo a pensar que não era justo chegar a esta idade e ter de pedir para sobreviver.
4ª- Já na rua do Hospital passa por mim um autocarro que diz:
Santo António
barraqueiro
Na volta
5ª- Numa estação do metro (já não sei qual) uma frase do grande Cesário Verde, mais ou menos assim:-"Quem dera não morresse nunca e eternamente procurasse e encontrasse a perfeição das coisas".
Eternamente não é muito tempo?
E viver num mundo perfeito não se tornaria monótono?
6ª. Na estação do Marquês de Pombal, encontrei o dito senhor de costas voltadas para o "Zé Povinho".
Pensei: Bolas, até tu?
7ª- Na mesma estação uma senhora africana pede a outra senhora uma informação.
Depois de a informar a senhora, que tinha sotaque do Leste, comenta com um sorriso:- Gosto de ajudar.Também me ajudaram quando cá cheguei.
Passado algum tempo apercebi-me que a informação estava errada mas a senhora africana já se tinha ido embora.
8ª- Sentado à minha frente um jovem de cabelos algo compridos e não muito cuidados, responde a uma senhora que lhe pergunta com ar de censura -porque é que usas assim o cabelo?
-Porque gosto!
Ora toma!!! acrescentei eu.