HOJE
Vi lágrimas.
Ouvi silêncios.
Dei e recebi abraços sem falar porque, se falassemos, as palavras estavam a mais.
Teriam de ser palavras de circunstância e quando a dor é verdadeira não fazem qualquer sentido.
Vi muitos rostos sem lágrimas porque já as tinham derramado todas.
Vi rostos que, em poucos dias, envelheceram anos.
Vi rostos ainda incrédulos.
Ouvi muitas recordações sobretudo jovens que diziam:"Lembras-te quando... E os jovens ainda não deviam recordar.
Vi e senti muita revolta, muita incompreensão.
Ouvi muitos "mas porquê?" a que ninguém sabe responder.
Eu continuo a pensar que a mais violenta de todas as violências é os pais terem de enterrar os filhos.