Hoje é o DIA DO TRABALHADOR e eu recordo, com muitas saudades, o primeiro que festejei: 1º de Maio de 1974.
Até ali já tinha passado por alguns 1º de Maio mas eram dias de luta, de confusão. de revolta e mais do que uma vez de pancadaria.
Lembro-me das ruas da Baixa de Lisboa cortadas quer aos carros quer aos peões e cheias de polícias.
Lembro-me de um certo pai, dobrado sobre si próprio, para proteger o bebé que transportava da maldade e estupidez de quem lhe batia, indiferente ao facto dele levar uma criança de colo, só porque ele teve o azar de ir no meio da rua quando outras pessoas que fugiam duma carga policial para lá fugiram.
Era um jovem que todas as tardes atravessava a Rua Barros Queirós,vindo do lado do Martim Moniz para o Rossio e que chamava a atenção por, naquele tempo, pouco serem os pais sozinhos com bebés ao colo.
Naquele tempo eu trabalhava numa loja e mais do que uma vez nos entraram pela porta dentro, agredindo clientes que lá estavam.
Depois, em 1974, tudo parecia possivel. O povo na Rua, festejava alegre e ruidosamente, ainda todos a comungar da euforia.
A seguir vieram exigências, umas justas outras nem tanto. Vieram retaliações, medos,divisões, desentendimentos, ameaças e sacrificios mas tudo parecia merecer a pena para o povo que conquistara a liberdade de falar, de se reunir,de opinar sobre o que queria ou não para o seu País.
Passados 36 anos continuo a pensar e a acreditar que tudo valeu a pena.
Só não acredito que se peça aos trabalhadores para continuarem a apertar os cintos,que abdiquem dos subsidios de férias ou de Natal,na maioria dos casos única forma de "tapar os buracos" que se tiveram que abrir no dia a dia, quando ainda ninguém ouviu dizer que que os gestores das grandes empresas iam abdicar dos seus chorudos bónus, nem os ex-deputados, ex-ministros, ex- qualquer coisa, abdicavam das pensões de reforma e se governavam APENAS com os ordenados que recebem actualmente das empresas a que estão ligados.
Mas eu,que continuo a sonhar e a acreditar que um dia, neste País de brandos costumes, todos os gestores e governantes serão honestos, governando o País, sem se governarem primeiro a si, vou festejar o 1º de Maio,esperando e desejando que nunca tenha de o voltar a viver da mesma forma de antes de 1974.
FELIZ DIA DO TRABALHADOR.