ADEUS, JULINHA
Estou doente.
O fim de semana a partir de domingo à tarde foi muito doloroso com a agravante de que estava em casa do filho mais velho e tinhamos combinado ir escolher a prenda de natal para eles.
Fomos, com grande sacrificio meu, escondido deles com o brincar com o bebé, empurrando o carrinho para ter onde me segurar e,como se isso não bastasse, a filhota fez ontem 23 anos e tinha combinado com os irmãos e os sogros irmos lá a casa comer um bocadinho de bolo.
Mas passou-se.
Hoje devia ter ido ao Hospital fazer análises de rotina mas nem sequer consegui levantar-me.
Para completar faltava a notícia pior.
Ao ligar o telemóvel tinha seis mensagens de diferentes colegas a dizer:
A JULINHA DEIXOU-NOS.
Era uma colega muito querida de todos, professores, colegas e alunos.
Era uma pessoa "sui generis" sempre com histórias novas de quando era menina. Contadas com todos os pormenores como se os estivesse ainda a viver. Se, por qualquer razão, tivessemos que nos afastar, no regresso ela recomeçava a história exactamente no mesmo pormenor aonde a deixara.
Chata? Não, DEFINITIVAMENTE, NÃO.
AMOROSA, BRINCALHONA,CALMA, AMIGA DO SEU AMIGO. Com uma maneira muito própria de lidar com os alunos que lhe chamavam Julinha.
Nós brincávamos dizendo que, devido à sua calma, nunca morreria do coração. Pois esse maroto há anos pregou-lhe uma partida e obrigou-a ao uso dum pacemaker.
Agora foi uma doença ainda pior, que a foi corroendo e que a levou.
Resta-nos consolarmo-nos pensando que deixou de sofrer. Nos últimos dias,sempre que alguma de nós a via, mal a reconhecia, de tão diferente que estava fisicamente.
Mas o seu espírito mantinha-se o mesmo.
JÚLIA, FELIZ NATAL COM JESUS.