"Se fazes mal ao teu vizinho o teu (mal) já vem a caminho"
Desde que me lembro de ser gente que me recordo de ouvir a minha mãe dizer este ditado. Talvez por essa razão sempre evitei dar-me mal com quem vive perto de mim, ainda que por vezes tenha tido que virar as costas e engolir as palavras que me saltam à boca.
Por isso aprendi que quando sou incompativel com alguém pura e simplesmente afasto-me.Não falo nem dou aso a qualquer tipo de convivência.
Mas há coisas que me tiram do sério.
Moro há 31 anos nesta casa. Quando vim para aqui morar já cá morava um casal, na altura com uma filha e a quem depois nasceu outra.
Os meus três filhos nasceram aqui. Nunca houve qualquer desentendimento entre as nossas famílias ao ponto dos miúdos chamarem "tios" aos vizinhos. Mas a "tia-vizinha" morreu e o marido voltou a casar há já alguns 10 anos.
A nova (velha) esposa é ciumenta ,parva e má.
Há tempos uns trabalhadores que estavam a arranjar um telhado dum prédio aqui na rua estavam a almoçar sentados no passeio. Ora eu tenho um quintal com uma mesa e cadeiras e convidei os senhores para irem para lá almoçar, enquanto o trabalho durasse.
Quando tal viu fartou-se de resmungar.
Depois disso voltei a dar com duas senhoras, tia e sobrinha, caboverdianas, a
comer, também sentadas nos pilaretes do passeio.Tinham vindo despedir-se duma pessoa de família que ia para o Brasil e tinham-se desencontrado. Enquanto esperavam que a outra senhora chegasse foram comprar comida e estavam ali a comer.
Estão a ver aonde as senhoras acabaram de almoçar? No meu quintal, pois claro!
Como sempre que sente alguém no quintal a vizinha vem espreitar o que se passa, ao ver as senhoras lá sentadas ,voltou a resmungar.
No último fim de semana combinei com uma senhora vir cá a casa buscar roupas que deixaram de servir aos meus netos para os meninos dela.
A senhora não veio e eu estranhei porque tinha-me dito que viria.
Hoje encontrei-a e ela disse-me que tinha cá vindo mas estava uma senhora no quintal que não a tinha deixado entrar.
Ainda por cima tratou mal a senhora dizendo que estava farta de eu deixar cá entrar pretos e vagabundos!
Não imaginam a fúria que senti. Nenhuma destas pessoas era vagabunda! E se fossem?
Quando saí de casa ela estava sentada no quintal por isso eu sabia que ainda lá estava.
O quintal está dividido por um caminho que é comum e ultimamente ambos os lados estão vedados. O lado dela foi vedado para os vizinhos não virem cá buscar hortelã e coentros, como faziam no tempo da 1ª esposa.
O meu foi vedado para evitar que ela pusesse o meu cão na rua e o deixasse andar todo o dia com fome e sede.Quando alguém abria o portão e deixava o animal entrar ela voltava a pô-lo na rua.
Estão a ver a "bondade" da criatura!
Pois sabem o que fiz? Trouxe a senhora comigo, para dentro de casa. Ela levou os sacos com a roupa. Acompanhei-a ao portão e, quando ia a passar ao pé da "dita", disse à senhora: --A próxima vez que quiser vir à minha casa não precisa de pedir autorização a ninguém, porque na minha casa mando eu e entra cá quem eu quero não quem a vizinha deixa!
Disse-o bastante alto e com ar bastante zangada. Mas a "dita" nem resmungou nem a cabeça levantou, porque eu também estava a olhar para ela.
Nunca na minha vida discuti com ninguém e até acho que não o sei fazer mas, se ela tivesse dito alguma coisa, sinceramente nem sei o que lhe diria mas ouvia-me e bem.
SE O QUE A MINHA MÃE DIZIA É VERDADE, mais tarde ou mais cedo esta senhora(?) vai ter retorno e não vai ser bom.
Mas,apesar de tudo, tenho pena dela.