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rodrigando

Aqui falo de mim, dos que amo, dos meus sonhos, das minhas alegrias e tristezas e de tudo o que gosto...ou não.

rodrigando

Aqui falo de mim, dos que amo, dos meus sonhos, das minhas alegrias e tristezas e de tudo o que gosto...ou não.

25 de Abril de 1975

rodrigando, 27.09.09

 Como já ontem disse, fiz parte da 1ª.Comissão de Recenseamento da Amadora, primeiro aqui na minha Freguesia, que então no passava de uma povoação e depois na sede da Freguesia, hoje Concelho da Amadora.

Muitas foram as peripécias que nos aconteceram.

Lembro-me especialmente de duas, durante o Recenseamento. Uma senhora, acamada há muitos anos e com os dedos já deformados, que nos pediu para irmos a casa recenseá-la. Quando o fomos fazer chorou agarrada a nós. 

-Agora já posso morrer porque já posso ser enterrada.

Perante o nosso espanto contou-nos que alguém lhe dissera que, se morresse e não

estivesse recenseada , não podia ser enterrada.

Outra, uma senhora que tinha nascido no Brasil e que embora filha de Portugueses e casada com um português,mantinha a nacionalidade brasileira.

 O que ela lutou para ter a nacionalidade Portuguesa!

Conseguiu-o à ultima da hora e foi a penúltima a inscrever-se.

O último foi um Senhor que durante todo o tempo que durou o recenseamento, nos apoiou, andando de porta em porta a recolher os elementos que,  por vezes, deixávamos escapar. Grande Amigo que já partiu.

No dia 25 de Abril de 1975, às 7 horas da manhã, já não se rompia no Largo 1º de Maio, tantas eram as pessoas que tentavam ser as primeiras a votar.

Coube-me abrir as portas do complexo Escolar e quase fui levada pelo ar quando o fiz.

Também desse dia guardo boas e más recordações.

A de uma senhora que a meio da tarde nos apareceu a chorar porque queria retirar o voto dela da urna.Tinham-lhe dito que se ganhasse o partido em que tinha votado lhe tiravam a Pensão, seu único meio de subsistência. Foi dificilimo fazer-lhe compreender que ninguém sabia qual era o voto dela e que nenhum partido poderia fazer isso. Passados anos ria-se connosco ao lembrar-se.

Outro caso, o de um marido que queria ir com a mulher para a urna porque a mulher ia votar num determinado partido e ele não queria que ela o fizesse.

Nas costas dele a mulher fazia-nos sinais desesperados para não o deixarmos. 

Esse caso requereu a presença da Autoridade,  o Tenente dos Comandos que nos faziam segurança e que não só se manteve junto do marido enquanto a Senhora votou, como perante as ameaças que ele lhe fez o avisou de que se houvesse qualquer tipo de violência sobre a esposa ele seria preso.

Depois,  o partido em que votei teve apenas 2 votos, o meu, claro e o de um elemento doutra mesa! 

Passaram-se 34 anos, já se pode falar destas coisas!

Felizmente as pessoas hoje estão mais esclarecidas, já ninguém tem medo de votar seja em que partido for.

Pena é que, no meio de tantos Partidos, no meio de tantas discussões, no meio de tanto lavar de roupa, continuamos todos a precisar que nos esclareçam sobre o que precisa e não é ,de ser esclarecido.

Confusos? Eu também!

 

                                                                                      

 

 

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