O meu vizinho melhorou e já vai voltar para casa.Hoje encontrei a esposa que me disse que provavelmente terá que mudar de casa pois mora num terceiro andar,sem elevador e o médico não aconselha o marido a subir escadas,pelo menos por enquanto.
-Estou tão contente! disse-me com um grande sorriso.
-Mas agora tenho pena de sair daqui, já me habituei ás pessoas.
. Devo tê-la olhado com ar de incredulidade . Como se pode ter habituado a pessoas com quem se cruzou durante uma quantidade de anos (eu incluída) sem que tivesse havido qualquer troca de palavras ou até um simples cumprimento?
Quando lho disse ,respondeu que eles também tiveram culpa ,que viviam num mundo tão só seu que nunca se deram conta de que precisavam de outras pessoas.Que foi preciso passarem por esta aflição para o perceberem..
Meio a sério,meio a brincar,respondi-lhe que então não fizessem o mesmo no novo lugar para onde forem.
Quando nos despedimos dei por mim a pensar que às vezes precisamos de passar por algum momento menos bom para percebermos que temos que mudar algo na nossa vida.
Pelos vistos e de maneira bem dolorosa este casal aprendeu que não pode viver só.Eu aprendi que estar atenta aos sinais que nos dão pode ajudar mas , aprendi sobretudo que se alguma vez ,nas tantas em que nos cruzámos, os tivesse cumprimentado ou apenas
sorrido ,a senhora talvez não se tivesse sentido tão sózinha quando o marido adoeceu.
E afinal sorrir é tão fácil.