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rodrigando

Aqui falo de mim, dos que amo, dos meus sonhos, das minhas alegrias e tristezas e de tudo o que gosto...ou não.

rodrigando

Aqui falo de mim, dos que amo, dos meus sonhos, das minhas alegrias e tristezas e de tudo o que gosto...ou não.

E QUANDO NÓS PERDEMOS O NOME?

rodrigando, 09.06.10



Parece algo impensável, não é?

Mas quem tem filhos nos infantários ou nas escolas sabe do que falo.

A partir do momento em que os filhos lá entram, a nossa identidade muda.

Deixamos de ser a Adélia , a Paula, o João ou o Pedro e passamos a ser a mãe ou o pai da Ana, do Tiago ou da Marta.

E. se ao principio isto nos parece um bocado estranho, acaba por se instalar de tal forma que se nos chamam pelo nosso nome, sentimos quase como se estivessem a chamar outra pessoa.

E pensam que isto muda? Nunca mais!

É Infantário, é Escola Básica, é Secundária etc., aqui ainda com a agravante de deixarmos de ser a mãe da Ana ou de outro qualquer, para sermos a mãe da "tripeira", do "bicas", da "chica" etc.,ao ponto de nós pensarmos que nos estão a confundir o filho. Mas não. É ele mesmo. Só que também deixou  de ter  nome e passou a ter uma alcunha.

Acabou? Ainda não.

Quando temos a felicidade de ter um neto e ele entra no circuito escolar volta tudo ao mesmo.

Só que agora tem outro sabor ouvir um pequenino chamar :- "Ó avó do Daniel"..., assim, sem cerimónia, sem falta de educação,como se fossemos todos da mesma idade.

E a nossa resposta vai sempre acompanhada de um sorriso, tão grande como o deles.

QUE FIM DE VIDA?

rodrigando, 11.11.09

 Há dias em que me sinto particularmente triste e ontem e hoje foram dias assim.

Embora o assunto já não me diga particularmente respeito, a verdade é que me entristece.

A minha ex-sogra está gravemente doente e há dias caiu, quando se dirigia para a casa de banho. Como se trata de uma pessoa relativamente forte e idosa e o marido já não tinha força para a levantar do chão,  teve de pedir ajuda a um vizinho para a levantar.

E isto aconteceu já três vezes, deixando-a de tal forma magoada que a partir daí recusa-se a levantar-se para ir à casa de banho.

Felizmente que no ultimo fim de semana os filhos e o meu filho mais velho foram visitá-la e, ao saberem da situação, viram que a única forma de a resolver era com fraldas.

Então levantou-se outro problema: Pôr-lha.

No meio de muita vergonha por parte da senhora e de pouco àvontade por parte dos filhos e do neto lá conseguiram.

E agora? Cada um tem a sua vida e o seu trabalho não podem vir mudá-la sempre que ela precisa. O marido já não tem condições físicas para o fazer.

Valeu-lhes o facto de, depois de saber o que se passava eu me ter lembrado de ir com o meu filho ao Lar da Igreja, que tem apoio domiciliário e que com  boa vontade,  disponibilizaram duas funcionárias que vão lá a casa duas vezes por dia lavá-la e mudá-la.

Mas a última muda é às 16,30 porque o serviço acaba às 17.

E depois tem que se manter com a mesma fralda até ao dia seguinte!

Aos fins de semana terá que ser a família a fazê-lo mas os filhos moram longe.

Eu gostava de ajudar mas fisicamente também me encontro debilitada e aos fins de semana com o tratamento que tenho que fazer não tenho mesmo condições. Também não quero aborrecimentos com a companheira do meu ex-marido mas isso era o que menos me preocupava se pudesse ajudar.

Com a doença que ela tem não terá muito mais tempo  porque o cancro já passou dos intestinos para o figado e sei que se ela tiver que ir para um Lar isso vai apressar-lhe a partida.

Por isso já mais do que uma vez dei comigo a pensar que fim de vida é este?

Perde-se tudo!. A nossa intimidade tem que ser devassada por pessoas desconhecidas que, por muito correctas e educadas que sejam, por muito que tentem e até consigam, atenuar o mal estar e o sofrimento ,é sempre uma devassa de nós.

Perdemos o nosso lar e o contacto com tudo aquilo de que nos rodeámos e amámos durante a vida se tivermos que ir para um Lar.

De que lhe valeu uma vida de trabalho e de privações, pensando numa velhice estável se agora não a pode usufuir? 

É a minha ex-sogra. Legalmente já nada nos liga mas é a avó dos meus filhos. Custa-me sabê-la a sofrer,  custa-me o sofrimento dos meus filhos e, até, custa-me ver o sofrimento do meu ex-marido. Há muitos anos que perdi a minha mãe e sei bem avaliar o que eles estão a passar.

Bolas! Para se morrer não devia ser preciso sofrer tanto!